Graça e Paz, Pr. Sandro!
Amado irmão, eu queria muito que me
ajudasse sobre uma questão pessoal que tem me deixado muito triste e abalado.
Creio que o senhor é um homem já experiente, que já possui certa bagagem na
vida cristã. Preciso muito que me oriente nessa questão.
Eu tenho sentido um vazio muito
grande na alma já faz muito tempo. Tenho uma sede muito grande de conhecer a
Deus, senti-lo em minha vida, mas parece que a minha procura está sendo em vão
a cada dia que passa. Já busquei muito em orações, vigílias e campanhas, mas
parece que vejo as outras pessoas sentirem uma presença muito forte que as
deixam alegres e contentes, enquanto eu nada. Não sei o que necessariamente
devo fazer para sentir essa alegria que vejo estampada no rosto de muitos
crentes. Nunca fui um mundano, meu pais já conheciam a verdade antes mesmo de
eu nascer e desde pequeno fui instruído nos caminhos do Senhor. Mas um dia
aceitei a Cristo de verdade em meu coração e comecei a buscá-lo com toda
firmeza. No entanto, não sei o que acontece, sinto-me oco, sem alegria e nem
contentamento. Tenho certeza de que meu coração não está nas coisas desse
mundo, pois nada dele me interessa. O que eu queria mesmo era ser cheio de Deus
como os apóstolos de Cristo e me dedicar completamente ao Senhor. Mas não sei
no que preciso mudar. Pode ter certeza de que tenho a Bíblia como minha
única regra de fé e prática.
Sinto-me como um viajante em terra
desértica, loco por um poço de água para matar a sede. Muitas almas que se
entregam a Cristo passam a testemunharem da vida que tiveram antes de
conhecerem a Jesus; falam da transformação que receberam e da alegria que agora
invade seus corações. Quando ouço isso fico pensando: “Como é essa alegria e
esse prazer que elas sentem”, “O que eu preciso fazer para sentir o mesmo?”. Mas
são perguntas lançadas ao vento. Já me derramei aos pés de Jesus pedido perdão
até mesmo de pecados ocultos, como fez Davi, mas nada muda. Uma vez uma pessoa
me disse que é porque eu nasci em lar cristão. Como eu nunca tive uma vida
completamente torta e depravada, ao aceitar a Cristo em minha vida, meu amor
por Ele seria menor do que uma pessoa que esteve totalmente mergulhada na
corrupção e no engano desse mundo. Diante disso, eu não sentiria essa alegria
que é evidente nas outras pessoas. Até citaram Lucas 7.47 para darem respaldo a
isso. Isso pode ser verdade, irmão? Se desejar ardentemente a presença de Jesus
e seu poder em minha vida não é sinal de amor, não sei o que exatamente o é.
Ficarei muito agradecido se o irmão
puder me ajudar em tudo isso. Já conversei com várias pessoas, mas nenhuma dela
me ajudou de fato.
Conto com teu apoio. Deus lhe
abençoes abundantemente!
Em Cristo... ;)
Resposta:
Boa noite, amado irmão.
É grande a honra de sua confiança com um assunto tão pessoal
como este!
Na verdade, muitos crentes (talvez a maioria) passam pelo mesmo
problema e vivem sufocados, tentando fazer parecer ter uma vida que não
possuem.
Querido irmão, por mais que tentemos jamais poderemos esconder o
fato de que não estamos mais nos tempos dos apóstolos e nosso Senhor nos avisou
acerca desta diferença quando disse:
“Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento,
enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o
noivo, não podem jejuar. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo;
e, nesse tempo, jejuarão”. Marcos 2. 19 e 20
“Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem
sempre me tendes”. João 12.8
“Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e
o que eu disse aos judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu vou,
vós não podeis ir”. João 13. 33
“Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo;
e ele nada tem em mim”. João 14.30
Precisamos ser sinceros, pois, num tempo em que os crentes
parecem competir pra saber quem é mais “espiritual” o que mais se vê é a
“espiritualidade vazia” baseada em sensações, euforia e contentamento
arrogante, quando não seja uma grosseira representação.
Não digo que seja assim com todos, pois é enorme e verdadeira a
alegria do novo convertido, afinal, imagine o que ontem estava na mais completa
perdição e hoje encontrou a salvação em Jesus Cristo! Contudo, esta alegria
incontida, quase infantil, tende a se desvanecer em meio às lutas diárias onde
muitas vezes nosso Senhor parecer se ocultar de nós. Isto não quer dizer que
sejamos infelizes, e sim que nossa alegria se manifesta de forma mais madura
muito mais dependente do “crer” do que do “sentir”. Sabemos pela Bíblia Sagrada
que Cristo está conosco: “E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século” (Mateus 28:20). Por isso, aconteça o que acontecer, não
podemos nos permitir duvidar de Sua presença!
É claro que há momentos em que o Senhor, segundo a Sua vontade,
nos socorre e até nos dá maiores evidências de sua Glória, mas, isto não pode
ser produzido por meios humanos e nem por chantagem emocional, é Ele quem sabe
como deve agir com cada um de seus servos, e para cada um Deus tem uma história
diferente!
Repare em sua Bíblia que após o livro de Atos, não há nenhum
caso de crentes buscando o batismo do Espírito Santo, pois, depois da
concretização da Igreja na Terra, na evidência da vinda do Espírito em
Jerusalém (Pentecostes), Samaria (ministério de Felipe e dos apóstolos) e aos
confins da terra, com Pedro e Paulo, todos os demais crentes são exortados nas
cartas do Novo Testamento como tendo já sido batizados com o Espírito Santo:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato,
o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele”. Romanos 8.9
Assim o que a Bíblia exorta aos crentes não é que busquem o
batismo do Espírito Santo e sim a Plenitude do Espírito:
“Enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando
e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre
graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Efésios 5. 18-21
E, como podemos ver, isto se dá não numa experiência
transcendental e sim numa vida diária de leitura da Bíblia, oração e bom
testemunho em casa e demais lugares (leia os versículos e capítulos seguintes
de Efésios e comprove isto).
Não é sem propósito que o Espírito Santo é chamado de
Consolador, pois, segundo o Senhor: “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o
Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. João 14.26
Pessoalmente, posso dizer que poucas vezes tive sensações
intensas da presença de Deus e as guardo com doce lembrança, mas lhe digo que
não são por elas que me guio e sim pela única e infalível certeza que vem da
Bíblia Sagrada.
Lembremos que ontem, hoje e sempre “O Justo viverá pela fé”.
Nossa indizível alegria não deve se basear em sentimentos ou experiências
místicas, (aconteçam ou não) e sim na certeza de que é verdade tudo o que a
Palavra de Deus diz acerca do que Ele fez por nós:
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da
desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as
inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo
rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós
mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois
salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema
riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela
graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de
obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo
Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos
nelas”. Efésios 2. 1-10
E
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que,
antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado
misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”. I Pedro 2. 9-10.
E ainda,
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se
necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez
confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível,
mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus
Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo,
exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a
salvação da vossa alma”. I Pedro 1. 6-9
E tome cuidado com aqueles que querem parecer muito espirituais,
nós temos a carta inteira de I Coríntios para nos alertar acerca deste tipo de
gente!
Que Deus o ilumine, amado de meu Deus!!!
No temor de Cristo,
Pr. Sandro Márcio