Boa
noite Reverendo!
Gostei
muito da cartinha do papai noel... no http://www.prsandromarcio.blogspot.com/
Gostaria
pastor de uma explicação detalhada sobre o livre arbítrio e
livre agência.
Grato
Danilo
Resposta:
Caríssimo irmão,
Como
você bem reparou, existe uma confusão entre as pessoas acerca de livre arbítrio
e livre agência.
Apenas
na Criação Adão e Eva tiveram Livre arbítrio, pois foram criados santos e
perfeitos, mas podiam mudar e de fato mudaram a própria natureza, assumindo o
pecado como uma nova forma de viver. A partir do Éden, ninguém mais conseguiu
mudar a própria natureza, pois quando alguém se converte de seu pecado, vemos
claramente ali a ação regeneradora do Espírito Santo antecedendo e garantindo a
verdade desta mudança. É por isso que oramos para que Deus converta os
corações!
Por
isso, toda vez que a Bíblia convida o homem a converter-se e se voltar para
Deus, não está ensinando que o homem tem condições de sozinho tomar esta
decisão, como se ele pudesse livremente deixar de gostar do que é mal e
passasse a desejar o que é bom, pelo contrário, tais convites são feitos
justamente para que fique claro que o ser humano é mal e rebelde ao seu
Criador. E também serve para dar segurança de salvação aos que O aceitam de
verdade, pois eles têm a consciência de que foi Deus quem executou esta
transformação em seus corações, pois, sem a ação especial de Deus, homem algum
haveria de amar a Deus!
Então
quando o homem opta por um modo de vida, ele não está exercendo o seu livre
arbítrio, que seria o poder de desejar tanto o bem quanto o mal, mas está
exercitando a sua livre agência, que é o poder de agir conforme a sua vontade.
O
homem é livre para fazer o que quiser, isto significa livre agência, mas não é
livre para, por si mesmo, deixar de querer aquilo que ele ama, indo contra a própria
natureza pecaminosa, isto seria livre arbítrio. Por isso o homem quando faz o
mal está em pleno acordo com sua natureza decaída, seguindo os maus desejos de
seu coração; e quando opta pela salvação,
dá provas de que Deus lhe deu um novo coração, uma nova natureza, um
novo nascimento, que lhe impulsionam a desejar o bem e a aceitar a Cristo como
seu Senhor e salvador. Todavia, como a velha natureza não foi retirada de nós,
ainda pecamos, mas, amparados por Deus e fazendo bom uso da Bíblia e da oração,
desfrutam os crentes do arrependimento, da certeza do perdão e de forças para
resistir às tentações.
Toda
a humanidade está corrompida pelo pecado, mas, pela graça divina a fé salvadora
é um dom de Deus aos seus eleitos. Aos demais que não são eleitos para a
salvação Deus também manifesta a sua graça, chamada pelos teólogos de graça
comum, que é uma ação especial de Deus que refreia a maldade humana, possibilitando
que mesmo incrédulos e rebeldes pratiquem atos de relativas bondade e justiça,
todavia, tais atos são também envoltos em pecados e os homens acabam por buscar
a glória e o reconhecimento, desviando para si mesmos a glória que é devida ao
Senhor!
A
Bíblia diz que todo o homem já nasce em pecado, isto é, já nasce preso ao
pecado, suas decisões não são livres, mas atendem à sua natureza. Por isso Deus
quando deseja converter alguém envia o Seu Espírito Santo que o transforma,
dando-lhe nova natureza e finalmente a vontade de dizer sim ao Senhor. Não
estou dizendo que o homem não escolhe seu caminho, e sim que toda escolha feita
pelo homem acerca de sua salvação está condicionada à natureza que possui: ou a
velha natureza de Adão que conduz à morte, ou à nova natureza que nos é dada
pelo Filho nos fazendo nascer de novo. Se Deus esperasse por nossas decisões
“livres”, ninguém jamais se converteria. Veja o exemplo de Saulo de Tarso,
acaso ele queria seguir a Jesus? Mas quando o Senhor o converteu, ele (Paulo) O amou
ardentemente e O seguiu até a morte!
Para maior entendimento acerca do
Livre arbítrio, transcrevo abaixo o capítulo da Confissão de Fé de Westminster,
com as devidas referências bíblicas!
CAPÍTULO IX
DO LIVRE ARBITRIO
I. Deus dotou a vontade do homem
de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o
mal, nem a isso é
determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza.
Ref.
Tiago
1:14
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça,
quando esta o atrai e seduz.
Deut. 30:19
Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas
contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe,
pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,
João 5:40
Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.
Mat. 17:12
Eu, porém, vos
declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo
quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles.
At.7:51
Homens de dura
cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito
Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.
Tiago 4:7.
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós.
II. O homem, em seu estado
de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que
é bom e agradável a Deus,
mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e
poder.
Ref.
Ec. 7:29
Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas
ele se meteu em muitas astúcias.
Col. 3: 10
e vos
revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou;
Gen.
1:26
Também disse
Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele
domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela
terra.
2:16-17
16 E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do
jardim comerás livremente,
17 mas da
árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás.
3:6
Vendo a mulher
que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para
dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele
comeu.
III. O homem, caindo em um
estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade
quanto a qualquer bem
espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural,
inteiramente adverso a esse
bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder,
converter-se ou mesmo
preparar-se para isso.
Ref.
Rom. 5:6
Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu
tempo pelos ímpios.
8:7-8
7 Por isso, o pendor da carne é inimizade
contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
8 Portanto, os que
estão na carne não podem agradar a Deus.
João 15:5
Eu sou a
videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer.
Rom. 3:9-10, 12, 23
9 Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem?
Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como
gregos, estão debaixo do pecado;
10 como está escrito: Não há justo, nem um
sequer,
12 todos se extraviaram, à uma se fizeram
inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
23 pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus,
Ef.2:1, 5;
1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados,
5 e estando nós
mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois
salvos,
Col. 2:13
13 E a vós
outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da
vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos
delitos;
João 6:44, 65;
44 Ninguém pode vir
a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último
dia.
65 E prosseguiu: Por causa disto, é que vos
tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.
I Cor. 2:14
14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente.
Tito 3:3-5.
3 Pois nós também, outrora, éramos néscios,
desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres,
vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.
4 Quando, porém, se manifestou a benignidade de
Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos,
5 não por obras de justiça praticadas por nós,
mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo,
IV. Quando Deus converte um
pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua
natural escravidão ao
pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a
liberdade o que é
espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda
nele existente, o pecador
não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas
também o que é mau.
Ref.
Col.1: 13
Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou
para o reino do Filho do seu amor,
João 8:34, 36
34 Replicou-lhes
Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do
pecado.
36 Se, pois, o Filho
vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
Fil. 2:13
Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar, segundo a sua boa vontade.
Rom. 6:18, 22
18 e, uma vez
libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
22 Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto
para a santificação e, por fim, a vida eterna;
Gal.5:17
Porque a carne
milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos
entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
Rom. 7:15, 21-23
15 Porque nem mesmo
compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que
detesto.
21 Então, ao querer
fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.
22 Porque, no
tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
23 mas vejo, nos
meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro
da lei do pecado que está nos meus membros.
I João 1:8, 10.
8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos
nos enganamos, e a verdade não está em nós.
10 Se dissermos que
não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em
nós.
V. É no estado de glória
que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o
bem só.
Ref.
Ef. 4:13
Até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo,
Judas, 24
Ora, àquele que
é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação,
imaculados diante da sua glória,
I João 3:2.
2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda
não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se
manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.
Um forte abraço, querido irmão!
Em Cristo,
Pr. Sandro Márcio