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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Livre Arbítrio ou Livre Agência?


Boa noite Reverendo!

Gostei muito da cartinha do papai noel... no http://www.prsandromarcio.blogspot.com/

Gostaria pastor de uma explicação detalhada sobre o livre arbítrio e livre agência.

Grato

Danilo

Resposta:

Caríssimo irmão,

Como você bem reparou, existe uma confusão entre as pessoas acerca de livre arbítrio e livre agência.

Apenas na Criação Adão e Eva tiveram Livre arbítrio, pois foram criados santos e perfeitos, mas podiam mudar e de fato mudaram a própria natureza, assumindo o pecado como uma nova forma de viver. A partir do Éden, ninguém mais conseguiu mudar a própria natureza, pois quando alguém se converte de seu pecado, vemos claramente ali a ação regeneradora do Espírito Santo antecedendo e garantindo a verdade desta mudança. É por isso que oramos para que Deus converta os corações!      

Por isso, toda vez que a Bíblia convida o homem a converter-se e se voltar para Deus, não está ensinando que o homem tem condições de sozinho tomar esta decisão, como se ele pudesse livremente deixar de gostar do que é mal e passasse a desejar o que é bom, pelo contrário, tais convites são feitos justamente para que fique claro que o ser humano é mal e rebelde ao seu Criador. E também serve para dar segurança de salvação aos que O aceitam de verdade, pois eles têm a consciência de que foi Deus quem executou esta transformação em seus corações, pois, sem a ação especial de Deus, homem algum haveria de amar a Deus!

Então quando o homem opta por um modo de vida, ele não está exercendo o seu livre arbítrio, que seria o poder de desejar tanto o bem quanto o mal, mas está exercitando a sua livre agência, que é o poder de agir conforme a sua vontade.

O homem é livre para fazer o que quiser, isto significa livre agência, mas não é livre para, por si mesmo, deixar de querer aquilo que ele ama, indo contra a própria natureza pecaminosa, isto seria livre arbítrio. Por isso o homem quando faz o mal está em pleno acordo com sua natureza decaída, seguindo os maus desejos de seu coração; e quando opta pela salvação,  dá provas de que Deus lhe deu um novo coração, uma nova natureza, um novo nascimento, que lhe impulsionam a desejar o bem e a aceitar a Cristo como seu Senhor e salvador. Todavia, como a velha natureza não foi retirada de nós, ainda pecamos, mas, amparados por Deus e fazendo bom uso da Bíblia e da oração, desfrutam os crentes do arrependimento, da certeza do perdão e de forças para resistir às tentações.

Toda a humanidade está corrompida pelo pecado, mas, pela graça divina a fé salvadora é um dom de Deus aos seus eleitos. Aos demais que não são eleitos para a salvação Deus também manifesta a sua graça, chamada pelos teólogos de graça comum, que é uma ação especial de Deus que refreia a maldade humana, possibilitando que mesmo incrédulos e rebeldes pratiquem atos de relativas bondade e justiça, todavia, tais atos são também envoltos em pecados e os homens acabam por buscar a glória e o reconhecimento, desviando para si mesmos a glória que é devida ao Senhor!   
A Bíblia diz que todo o homem já nasce em pecado, isto é, já nasce preso ao pecado, suas decisões não são livres, mas atendem à sua natureza. Por isso Deus quando deseja converter alguém envia o Seu Espírito Santo que o transforma, dando-lhe nova natureza e finalmente a vontade de dizer sim ao Senhor. Não estou dizendo que o homem não escolhe seu caminho, e sim que toda escolha feita pelo homem acerca de sua salvação está condicionada à natureza que possui: ou a velha natureza de Adão que conduz à morte, ou à nova natureza que nos é dada pelo Filho nos fazendo nascer de novo. Se Deus esperasse por nossas decisões “livres”, ninguém jamais se converteria. Veja o exemplo de Saulo de Tarso, acaso ele queria seguir a Jesus? Mas quando o Senhor o converteu, ele (Paulo) O amou ardentemente e O seguiu até a morte! 

Para maior entendimento acerca do Livre arbítrio, transcrevo abaixo o capítulo da Confissão de Fé de Westminster, com as devidas referências bíblicas!


CAPÍTULO IX
DO LIVRE ARBITRIO
I. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o
mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza.
Ref.
 Tiago 1:14
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.
Deut. 30:19
 Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,
João 5:40
Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.
Mat. 17:12
Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles.
At.7:51
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.
Tiago 4:7.
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.

II. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que
é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e
poder.
Ref.
Ec. 7:29
Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias.
Col. 3: 10
e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
Gen.
1:26
Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.
2:16-17
16 E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
3:6
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.

III. O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade
quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural,
inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder,
converter-se ou mesmo preparar-se para isso.
Ref.
Rom. 5:6
Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
8:7-8
7  Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
8  Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.
João 15:5
Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
Rom. 3:9-10, 12, 23
9  Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;
10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
Ef.2:1, 5;
1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
5  e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,
Col. 2:13
13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
João 6:44, 65;
44  Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
65  E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.
I Cor. 2:14
14  Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Tito 3:3-5.
3  Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.
4  Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos,
5  não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,

IV. Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua
natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a
liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda
nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas
também o que é mau.
Ref.
Col.1: 13
Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,
João 8:34, 36
34  Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado.
36  Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
Fil. 2:13
Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.
Rom. 6:18, 22
18  e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
22  Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;
Gal.5:17
Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
Rom. 7:15, 21-23
15  Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
21  Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.
22  Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
23  mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.
I João 1:8, 10.
8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
10  Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

V. É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o
bem só.
Ref.
Ef. 4:13
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo,
Judas, 24
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória,
I João 3:2.
2  Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.

Um forte abraço, querido irmão!

Em Cristo,
Pr. Sandro Márcio

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