Espaço reservado à reflexão sobre questões que nos incomodam e nem sempre tivemos com quem nos aconselhar. Reflete a opinião de quem, embora não seja dono da verdade, se esforça por ser um servo fiel dela. Existe algo que sempre o incomodou e que ainda não encontrou resposta satisfatória? Este é o seu espaço, você poderá perguntar o que quiser e eu lhe direi o que penso, embasado na Bíblia Sagrada. Trazer-lhe a Palavra de Deus e tirar a sua dúvida, ajudando-o (a) a refletir acerca de seu dia-a-dia é o que mais desejo. Você pode usar o espaço "comentários" para enviar suas perguntas ou, se preferir, mande-as via e-mail: pr.sandromarcio@hotmail.com e aguarde a publicação da resposta no blog.
Que Deus nos ajude!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Por que não sou como os outros Crentes?

Graça e Paz, Pr. Sandro!

 Amado irmão, eu queria muito que me ajudasse sobre uma questão pessoal que tem me deixado muito triste e abalado. Creio que o senhor é um homem já experiente, que já possui certa bagagem na vida cristã. Preciso muito que me oriente nessa questão.

Eu tenho sentido um vazio muito grande na alma já faz muito tempo. Tenho uma sede muito grande de conhecer a Deus, senti-lo em minha vida, mas parece que a minha procura está sendo em vão a cada dia que passa. Já busquei muito em orações, vigílias e campanhas, mas parece que vejo as outras pessoas sentirem uma presença muito forte que as deixam alegres e contentes, enquanto eu nada. Não sei o que necessariamente devo fazer para sentir essa alegria que vejo estampada no rosto de muitos crentes. Nunca fui um mundano, meu pais já conheciam a verdade antes mesmo de eu nascer e desde pequeno fui instruído nos caminhos do Senhor. Mas um dia aceitei a Cristo de verdade em meu coração e comecei a buscá-lo com toda firmeza. No entanto, não sei o que acontece, sinto-me oco, sem alegria e nem contentamento. Tenho certeza de que meu coração não está nas coisas desse mundo, pois nada dele me interessa. O que eu queria mesmo era ser cheio de Deus como os apóstolos de Cristo e me dedicar completamente ao Senhor. Mas não sei no que preciso mudar. Pode ter certeza  de que tenho a Bíblia como minha única regra de fé e prática.

Sinto-me como um viajante em terra desértica, loco por um poço de água para matar a sede. Muitas almas que se entregam a Cristo passam a testemunharem da vida que tiveram antes de conhecerem a Jesus; falam da transformação que receberam e da alegria que agora invade seus corações. Quando ouço isso fico pensando: “Como é essa alegria e esse prazer que elas sentem”, “O que eu preciso fazer para sentir o mesmo?”. Mas são perguntas lançadas ao vento. Já me derramei aos pés de Jesus pedido perdão até mesmo de pecados ocultos, como fez Davi, mas nada muda. Uma vez uma pessoa me disse que é porque eu nasci em lar cristão. Como eu nunca tive uma vida completamente torta e depravada, ao aceitar a Cristo em minha vida, meu amor por Ele seria menor do que uma pessoa que esteve totalmente mergulhada na corrupção e no engano desse mundo. Diante disso, eu não sentiria essa alegria que é evidente nas outras pessoas. Até citaram Lucas 7.47 para darem respaldo a isso. Isso pode ser verdade, irmão? Se desejar ardentemente a presença de Jesus e seu poder em minha vida não é sinal de amor, não sei o que exatamente o é.

Ficarei muito agradecido se o irmão puder me ajudar em tudo isso. Já conversei com várias pessoas, mas nenhuma dela me ajudou de fato.
Conto com teu apoio. Deus lhe abençoes abundantemente!
Em Cristo... ;)




Resposta:
Boa noite, amado irmão.
É grande a honra de sua confiança com um assunto tão pessoal como este!

Na verdade, muitos crentes (talvez a maioria) passam pelo mesmo problema e vivem sufocados, tentando fazer parecer ter uma vida que não possuem.

Querido irmão, por mais que tentemos jamais poderemos esconder o fato de que não estamos mais nos tempos dos apóstolos e nosso Senhor nos avisou acerca desta diferença quando disse:

“Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão”. Marcos 2. 19 e 20
“Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes”. João 12.8
“Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir”. João 13. 33
“Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim”. João 14.30

Precisamos ser sinceros, pois, num tempo em que os crentes parecem competir pra saber quem é mais “espiritual” o que mais se vê é  a “espiritualidade vazia” baseada em sensações, euforia e contentamento arrogante, quando não seja uma grosseira representação.

Não digo que seja assim com todos, pois é enorme e verdadeira a alegria do novo convertido, afinal, imagine o que ontem estava na mais completa perdição e hoje encontrou a salvação em Jesus Cristo! Contudo, esta alegria incontida, quase infantil, tende a se desvanecer em meio às lutas diárias onde muitas vezes nosso Senhor parecer se ocultar de nós. Isto não quer dizer que sejamos infelizes, e sim que nossa alegria se manifesta de forma mais madura muito mais dependente do “crer” do que do “sentir”. Sabemos pela Bíblia Sagrada que Cristo está conosco: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28:20). Por isso, aconteça o que acontecer, não podemos nos permitir duvidar de Sua presença!
É claro que há momentos em que o Senhor, segundo a Sua vontade, nos socorre e até nos dá maiores evidências de sua Glória, mas, isto não pode ser produzido por meios humanos e nem por chantagem emocional, é Ele quem sabe como deve agir com cada um de seus servos, e para cada um Deus tem uma história diferente!
Repare em sua Bíblia que após o livro de Atos, não há nenhum caso de crentes buscando o batismo do Espírito Santo, pois, depois da concretização da Igreja na Terra, na evidência da vinda do Espírito em Jerusalém (Pentecostes), Samaria (ministério de Felipe e dos apóstolos) e aos confins da terra, com Pedro e Paulo, todos os demais crentes são exortados nas cartas do Novo Testamento como tendo já sido batizados com o Espírito Santo:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  Romanos 8.9
Assim o que a Bíblia exorta aos crentes não é que busquem o batismo do Espírito Santo e sim a Plenitude do Espírito:
“Enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Efésios 5. 18-21

E, como podemos ver, isto se dá não numa experiência transcendental e sim numa vida diária de leitura da Bíblia, oração e bom testemunho em casa e demais lugares (leia os versículos e capítulos seguintes de Efésios e comprove isto).

Não é sem propósito que o Espírito Santo é chamado de Consolador, pois, segundo o Senhor: “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. João 14.26

Pessoalmente, posso dizer que poucas vezes tive sensações intensas da presença de Deus e as guardo com doce lembrança, mas lhe digo que não são por elas que me guio e sim pela única e infalível certeza que vem da Bíblia Sagrada.

Lembremos que ontem, hoje e sempre “O Justo viverá pela fé”. Nossa indizível alegria não deve se basear em sentimentos ou experiências místicas, (aconteçam ou não) e sim na certeza de que é verdade tudo o que a Palavra de Deus diz acerca do que Ele fez por nós:
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Efésios 2. 1-10
E
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”. I Pedro 2. 9-10.
E ainda,
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma”. I Pedro 1. 6-9

E tome cuidado com aqueles que querem parecer muito espirituais, nós temos a carta inteira de I Coríntios para nos alertar acerca deste tipo de gente!

Que Deus o ilumine, amado de meu Deus!!!
No temor de Cristo,

Pr. Sandro Márcio

quinta-feira, 12 de março de 2015

E se, os judeus tivessem aceitado Jesus como o Messias?


Amado irmão, o que aconteceria se ao invés dos judeus terem rejeitado Jesus colocassem-no num trono? Ele estabeleceria seu reino naquela época? Às vezes fico confuso quanto a isso, pois numa hora a Bíblia mostra claramente Jesus tentando se identificar com a profecias bíblicas apontadas para ele (mesmo assim foi rejeitado pelos seus), mas em outra parte, ela nos revela que o próprio Deus endureceu o coração dos judeus para que não reconhecessem Jesus como o Messias prometido, como entender isso? Entendo que o endurecimento veio da parte Deus para que o evangelho chegasse aos gentios. Sei que a Bíblia não se contradiz, mas e se os judeus tivessem reconhecido Jesus?
 
 
Aguardo ansioso a sua resposta! Desde já, obrigado!!
 
 
Boa noite, amado irmão, tudo bem contigo?
Quanto à sua questão, posso lhe dizer que, para Deus, não há “SE”, pois, toda a Sua vontade soberana, impreterivelmente se realizará; como disse Jó ao SENHOR:  “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2) e também afirmou o apóstolo Paulo:  “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Romanos 8.28-30).
Para nós, em nosso entendimento humano e limitado, existem condicionais, probabilidades e possibilidades; contudo, ao contemplarmos a Soberania de Deus, vemos que tudo, exatamente tudo ocorre sob o seu divino querer e controle.
Não era a vontade de Jesus reinar em Israel na sua primeira vinda, como vemos em João 6.15: “Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte”. Jesus veio para reinar e está reinando espiritualmente no coração daqueles que nEle crêem, como Ele explica em sua conversa com Pilatos:
“Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu respeito? Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” (João 18.33-37).
 
Infelizmente, muitos ainda pensam que Jesus não foi totalmente bem-sucedido em Sua primeira vinda, pois os judeus não o receberam, e não entendem que essa rejeição não somente foi prevista como ordenada para que pela cruz os crentes fossem salvos. Jesus não veio nos dar a possibilidade de sermos salvos e sim para salvar, de fato, aqueles que nEle crêem os quais o Pai preparou e Lhe concedeu, como disse nosso Senhor: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste (João 17. 9; 12; 20 e 21).
 
Mas, o que dizer de João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” ? Este texto não diz que Deus enviou Jesus para salvar a todas as pessoas do mundo e sim que Deus, por Seu amor, enviando Jesus havia de salvar as pessoas de todo o mundo que cressem em Seu Filho, mostrando que o amor de Deus não está restrito a Israel, mas se estende às pessoas de todo o mundo que Ele haveria de salvar pela fé em Cristo.
 
Deste modo, não havia a menor possibilidade de Jesus ser aceito pela maioria dos judeus e reinar fisicamente em Jerusalém em Sua primeira vinda, pois, se isso acontecesse não haveria cruz e nem salvação da humanidade. Lembremos das palavras do SENHOR: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora” (João 12.27).
 
O apóstolo Pedro nos esclarece a esse respeito quando diz aos judeus presentes em Jerusalém, por ocasião do Pentecostes: “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (Atos 2., 22 e 23).
 
Espero tê-lo ajudado!
 
Um forte abraço,
 
Pr. Sandro Márcio  





Ps.
Em Sua primeira vinda nosso Senhor Jesus veio em sacrifício e humilhação, mas, Ele voltará em Poder e Glória e assim cumprirá cabalmente todas as profecias concernentes ao Seu Reino Eterno.
 
“Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus! A graça do Senhor Jesus seja com todos”. Apocalipse 22. 20 e 21