Em textos como Filipenses 1. 6;
João 10. 28, 29; I Pedro 1. 5, 9; Jeremias 32. 40 e I João 2. 19 e 3. 9, entre
outros, a Bíblia ensina claramente que o verdadeiro crente nunca perde a
salvação, e que apostatar significa rejeição final e irreversível ao Senhor, e
nada menos que isso, e os que o fazem, nunca foram e nem serão crentes.
Todavia, isto não é impedimento à exortação aos que estão dentro da igreja,
visto que os tais devem se aperceber que a perseverança é o modo de vida dos
salvos (Cf. Lc. 21. 19).
Isto pode ser visto em
figura na vida do jovem Davi, logo após ele e seus homens terem livrado a
cidade de Queila das mãos dos filisteus (Cf. I Sm 23. 1-16). Conta a passagem
que o rei Saul tomou conhecimento da localização de Davi, e vinha para o eliminar.
Davi então, consulta a Deus se Saul de fato viria e se os homens da cidade o
entregariam àquele rei vingativo. Tendo a resposta afirmativa a ambas as
questões, Davi e seus homens saem da cidade antes que Saul chegasse. Mas, ao ler as profecias anteriores acerca de
Davi (I Sm 13. 14; 15. 28; 16. 1 e 12) tem-se a impressão de que mesmo que ele
ficasse na cidade, mal nenhum lhe aconteceria, visto estar no plano de Deus
torná-lo rei depois de Saul. Todavia, tal pensamento é estranho ao próprio
plano de Deus, que dispõe tanto os fins quanto os meios; e o único meio
ordenado por Deus para o livramento de Davi era sair o quanto antes daquela
cidade. Assim, o plano divino foi cumprido; e Davi veio a se tornar rei de todo
o Israel, conforme lhe fora prometido.
Também os afastados são
conclamados a voltarem arrependidos ao seio da igreja, e fazendo isto, verão
que seu afastamento não foi irreversível, e louvarão a Deus por trazê-los de
volta e assim preservá-los da apostasia; pois, do contrário, a mesma palavra que
serviria para sua salvação tornar-se-ia em sua sentença de condenação.
É o que vemos também na confissão
de fé da Igreja Reformada (Confissão de Fé de Westminster), que desde os seus
primórdios, declara a Bíblia como a única regra de fé e de prática, e, desse
modo, o fundamento de sua doutrina. Essa doutrina “tem o sentido de que aqueles
a quem Deus regenerou e chamou eficazmente para um estado de graça não podem
cair, nem total, nem definitivamente, mas certamente perseverarão nele até o
fim, e serão salvos para toda a eternidade”. Isto está em pleno acordo com o
ensino bíblico (cf. Jo. 10. 27-29, Rm. 8. 38-39 e 11.29, Fp. 1.6, 2 Ts. 3.3, 2
Tm 1.12 e 4. 18, etc). Daí se entender que a perseverança dos santos é
resultado do ato preservador de Deus, como escreveu R.C. Sproul: “Perseverança
é tanto uma graça, quanto um dever. Devemos lutar com toda a nossa força em
nossa caminhada espiritual. Humanamente falando, seria possível apostatar; contudo,
enquanto lutamos, devemos olhar para Deus, que está nos preservando. É
impossível que Ele deixe de nos preservar. (... ...) [Conforme a palavra de
Deus a Jeremias] ‘Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de
lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem
de mim (Jr. 32. 40)”.
Assim, não se trata de uma inócua discussão teológica e sim da necessária segurança bíblica de nossa salvação!
Assim, não se trata de uma inócua discussão teológica e sim da necessária segurança bíblica de nossa salvação!